Por Colaboradora Voluntária
Ler, ouvir, contar e escrever histórias são construtos de um
fazer cultural repleto de magia e descobertas de mundo e de si mesmo. A
literatura nos proporciona, através da narrativa, o mundo encantado do faz de
conta, bem como, o mundo encantado das descobertas científicas.
Palavras, mitos e idéias num diálogo materializado, compõem o
acervo literário universal. A materialização em um objeto denominado: livro.
Com narrativas de vida real, ficção, romance, poesia, contos, informações.
Valores estéticos, éticos, e de conhecimentos produzidos pela ciência e pelos
saberes tradicionais.
Na trajetória humana o conhecimento é importante para a
construção da identidade individual e coletiva. As narrativas orais dos povos
tradicionais foram gradativamente compiladas para se perpetuarem de geração
para geração.
Em tempos remotos, o ser humano antes mesmo de elaborar as
linguagens oral e escrita (como hoje as conhecemos) já contavam histórias
através de desenhos, sons e gestos. A comunicação entre membros do mesmo grupo
social (comum) se torna relevante para a sobrevivência.
O prazer permeia o aprender a “ser” no mundo social, e ao
longo das gerações, tornou-se relevante a relação com o conhecimento mítico
e/ou científico. A literatura num diálogo estabelecido, ativa a imaginação,
impulsiona a capacidade analítica, estimula habilidades cognitivas, e acima de
tudo, emoções são vivenciadas no momento singular que é a leitura.
O livro: objeto lúdico
A ludicidade torna o ser humano capaz de imaginar, inquietar,
criar, transformar. Neste aspecto, os livros são elementos lúdicos que fomentam
o prazer em dialogar com a ludicidade.
Sim, o livro é um brinquedo. Onde o universo e a cultura
lúdica humana estão contidos em folhas de papel, ou mesmo virtual são suas
páginas. Brincar significa fomentar o universo da imaginação, da
experimentação, das descobertas. Desde a mais tenra idade o ser humano sente
prazer em ouvir a voz ritmada que conta uma história.
Na atualidade o papel de narrador passa a ser muitas vezes a
de um aparelho da tecnologia, o que distancia a comunicação afetiva, as emoções
compartilhadas, as descobertas experenciadas em conjunto. Ter um livro em mãos
e ler a uma criança é vivência tanto para que ouve, quanto para quem lê. É estar
corresponsável na construção do hábito da leitura.
Diante do fenômeno moderno das grandes tecnologias, o livro
vai ficando alí, em segundo, terceiro, quarto plano. E as conquistas de crianças
e adolescentes vão se perdendo, claro que tem outras. Mas a leitura de um livro,
é singular. Insubstituível é o livro enquanto seu valor cultural, social e
mesmo para o desenvolvimento de habilidades e futuras competências.
Na idade adulta, a leitura é aquela obrigatória de formação
acadêmica. Onde fica o prazer de ler algo que faz parte de uma escolha pessoal,
individual? Na grande massa da população brasileira assistimos à degradação do
hábito da leitura. Perde-se o elemento crucial: a autonomia de pensamento que é
construída a partir de um amplo e vasto universo de pensamentos diversos que a
literatura oferece. Deixa-se na vida adulta o ato lúdico que é ter um livro a
embalar sonhos.
Ler à luz interior
Leitores autênticos são buscadores esforçados de resultados
que verticalizam o auto-aperfeiçoamento. Um processo onde a mente
cautelosamente vai expurgando a ignorância original. Ler é um projeto grandioso
para ocupar a mente, preencher lacunas de alma inquietante. Leitores vorazes se
tornam portadores de luz a outras pessoas.
O livro então assume função de amplitude, rompendo com a
solidão de um leitor uno. O hábito da leitura de livros amplia a capacidade cognitiva
de quem lê. O prazer na leitura está não só no desvelamento de personagens ou
conteúdos científicos, vai além, ou para ali num lugar dentro de si mesmo. O
autoconhecimento.
A dinâmica do hábito de ler livros vai moldando as
características de quem lê. É ato ético,
estético, lúdico, que torna o indivíduo um ser humano capaz de comunicar,
debater, refletir: pensamentos,
sentimento, emoções, descobertas, informações, conhecimentos.
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